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Rede Mater Dei chega a Salvador

Por: Adalton dos Anjos

Rede Mater Dei chega a Salvador
Da Redação

Da Redação

20/04/2021 4:25pm

Quem passa pelo cruzamento da avenida Anita Garibaldi com a Vasco da Gama, na região conhecida como a antiga fábrica da Coca-Cola, em Salvador, se surpreende com a velocidade e grandiosidade de uma obra que está sendo erguida. Um imenso prédio em formato redondo, fruto de um investimento de R$ 500 milhões, abrigará o primeiro hospital da Rede Mater Dei fora de Minas Gerais, seu Estado de origem. 

Muito se especulou sobre em qual cidade brasileira a rede mineira, que vem chamando a atenção do setor de saúde no Brasil, desembarcaria. ABC Paulista, Brasília, Porto Alegre...? A capital baiana acabou sendo a escolhida. Henrique Salvador, CEO da Rede Mater Dei, admite que chegou até a ser procurado por grupos de médicos baianos com interesse em que a nova unidade fosse construída em Salvador. De fato, a cidade carecia de um novo hospital privado de grande porte para atender a sua população, já que o último foi inaugurado há cerca de duas décadas. “Salvador possui uma carência de leitos nos moldes que, normalmente, os hospitais da Rede Mater Dei de Saúde têm”, explica o gestor da instituição, que recentemente abriu seu capital na bolsa de valores. 

Para se ter uma ideia deste feito, o Mater Dei será apenas o terceiro grupo hospitalar a seguir esse caminho. Trabalho, formação acadêmica e meritocracia compõem a fórmula do sucesso da empresa familiar que já está encaminhando a sua quarta geração de diretores, segundo o CEO. “Nosso programa de sucessão foi estabelecido há décadas, quando não havia nenhum membro da terceira geração capaz de ocupar um cargo diretivo”, explica Henrique, filho de José Salvador, o famoso “Doutor Salvador” que fundou o Mater Dei há 40 anos. 

Para o hospital de Salvador, que será o maior da rede privada na cidade, com 370 leitos, a partir da sua inauguração prevista para  2022, o CEO adianta que focará na tecnologia, inovação, humanização e segurança, ativos que já compõem o espírito da rede mineira que chega à Bahia. Confira a entrevista concedida à Let’s Go.

"O Mater Dei Salvador pode ser, inclusive, ohospital referência para 

muitos Estados menores que fazem divisa com a Bahia" 

 

Por que Salvador foi escolhida como a primeira cidade fora de Minas Gerais para a nova unidade do Mater Dei? 

Quando resolvemos sair de Minas Gerais, fizemos uma análise de várias regiões do país e escolhemos Salvador por alguns motivos. Salvador é a quarta capital do país com maior número de habitantes. Está estrategicamente localizada na entrada da Região Nordeste e, por meio da região de Barreiras, também se conecta com o Centro-Oeste brasileiro. Salvador possui uma carência de leitos  nos moldes que, normalmente, os hospitais da Rede Mater Dei de Saúde têm. Tínhamos sido procurados por grupos de médicos com interesse que nós fôssemos para Salvador. Além disso, nós acreditamos que há uma grande oportunidade para crescermos para outras regiões do Nordeste, a partir de Salvador. O Mater Dei Salvador pode ser, inclusive, o hospital referência para muitos Estados menores que fazem divisa com a Bahia. 

Qual foi o investimento e qual será a capacidade de atendimento do hospital e do centro médico? 

O investimento foi de 500 milhões de reais, sendo que parte dele está sendo financiado pelo Banco do Nordeste. O hospital terá 370 leitos, possuindo 61 mil m2 de área construída. O centro médico possuirá cerca de 70 consultórios, tendo uma área construída de 10 mil m2 . Será um centro médico hospitalar integrado em que o atendimento será, em alguns casos, a porta de entrada para o atendimento hospitalar, integrando o conceito de atenção primária, secundária, terciária e quaternária, gerando valor para o sistema. 

De que forma o espírito da Rede Mater Dei estará presente nessa nova unidade de Salvador? 

Queremos levar para Salvador um Hospital Mater Dei. A cultura do Hospital Mater Dei passa pelas pessoas. Há, neste momento, há cerca de dois anos, um intenso investimento na captação, desenvolvimento e retenção de talentos. Pessoas que irão trabalhar nesse hospital desde as áreas de apoio, administrativas e assistenciais. Temos mapeado membros para o corpo clínico a partir de inúmeros contatos que já têm sido feitos ao longo desses dois últimos anos. Esperamos inaugurar o Mater Dei Salvador imbuídos do mesmo espírito que nos trouxe até aqui, com um atendimento diferenciado, personalizado e humanizado, com  o foco em qualidade e segurança assistencial com indicadores de performance que podem, claramente, tornar-se tangíveis para as pessoas. 

Tecnologia e pesquisa são pontos fortes? Como esses atributos estão sendo pensados? 

Sim. A Rede Mater Dei tem investido em tecnologia e em pesquisa ao longo de toda a sua vida, começando pelos próprios prédios das unidades, que são todos automatizados e possuem fluxos verticais e horizontais que facilitam muito a operação hospitalar. São projetos arquitetônicos modernos que já nascem para ser hospitais e que, por isso mesmo, facilitam a incorporação de tecnologia e também o estímulo à pesquisa. Nós temos no nosso Comitê de Ética e Pesquisa centenas de pesquisas registradas, somos a vertical saúde de inovação do Orbi Conecta, e há um grande comprometimento da Rede Mater Dei com inovação, criatividade, pesquisa e também a parte pedagógica. Todos os nossos hospitais - em Salvador também será assim - têm Centro de Convenções, com auditórios, para facilitar as interações entre as pessoas, o aprendizado e o desenvolvimento contínuo. 

As obras já indicam uma construção arquitetônica moderna bastante diferente onde está localizado o hospital. Quais foram as inovações implementadas no projeto? 

O projeto está localizado na confluência de duas avenidas muito importantes de Salvador, a Avenida Vasco da Gama e a Avenida Anita Garibaldi. Essas são avenidas com muito fluxo de pessoas, um terreno único de 8 mil m2 que permitiu o projeto de um prédio redondo com maior aproveitamento dos espaços internos e externos, que terá uma área verde localizada dentro dele; um jardim no alto que permite uma humanização. Temos a experiência em nossos hospitais em Minas Gerais de como uma área dessas  faz diferença para os pacientes internados. Todos os apartamentos têm vista para o mar, é um prédio que otimiza a utilização de recursos naturais com o reaproveitamento de água e o uso racional de energia, que tem tudo para ser um prédio verde e um prédio diferente em Salvador. 

"Neste período tão crítico, as pessoas estão se superando, buscando 

muitas vezes uma força interna que não imaginavam que tinham"


Quais os desafios que espera enfrentar a partir da nova unidade de Salvador? 

Acho que o principal desafio é conseguir levar para Salvador a cultura que nos trouxe até aqui. A cultura de relacionamento com o paciente, com a família, com médicos, com a comunidade em geral e com os colaboradores. É uma cultura que realment permite conciliar o atendimento personalizado, diferenciado e humanizado. Todos os nossos hospitais são certificados pela Joint Comission International (JCI). Somos auditados periodicamente por auditores internacionais, mostrando que realmente nós temos uma diferenciação em relação à qualidade assistencial. 

Como você analisa o trabalho de gestão e saúde no Brasil, inclusive neste momento de pandemia? 

As instituições hospitalares, no geral, têm se superado, procurando prover todos os recursos necessários para absorver a intensa demanda que se gerou a partir desta pandemia. Os desafios são muitos, como o de criar hospitais paralelos, com fluxos diferenciados, para atender a todas as demandas de saúde, tanto casos de COVID-19 quanto de outras especialidades. Há uma utilização de recursos e medicamentos em uma quantidade que até então não era prevista e não se utilizava. O mesmo com relação aos Equipamentos de Proteção Individual para proteger os profissionais de saúde e os clientes. Com a suspensão de cirurgias eletivas, houve uma transformação nos hospitais. Fica também uma mensagem: o que faz a diferença na vida das pessoas é a capacidade dos profissionais de saúde de absorver, seja em CTI ou internação, as demandas e salvar vidas. Os gestores de saúde de todo o Brasil brilharam nesse aspecto. 

O que o senhor e o Mater Dei têm aprendido ao longo deste difícil período? 

Estamos não apenas aprendendo, mas também reforçando conhecimentos. Primeiro, o quanto a Rede Mater Dei tem sido referência para a saúde das pessoas durante todos esses anos.  Depois, o quão importante é captar, capacitar, desenvolver e investir em pessoas, são elas que fazem a diferença. Neste período tão crítico, as pessoas nos seus diversos postos de trabalho estão se superando, buscando muitas vezes uma força interna que não imaginavam que tinham, mas que é fundamental e essencial para que mais vidas sejam salvas neste período. A Rede Mater Dei aprendeu que é preciso continuar investindo em estruturas de saúde que possam fazer a diferença na vida das pessoas. É por isso que nós estamos indo para Salvador e é por isso que nós achamos que podemos oferecer mais acesso de qualidade para mais pessoas pelo Brasil afora. 

O senhor defende que um líder de sucesso deve ter ao mesmo tempo empatia, pulso firme e não pode ser inacessível. Como consegue operar todas essas características em sua rotina? 

Acho que, principalmente, tendo a sensibilidade para perceber o que é essencial e o que não é importante em uma determinada situação. Precisamos ter a capacidade de estar ao lado das pessoas em momentos de crise e em momentos de estresse. O líder é o indivíduo que é permanentemente observado e que é cobrado também pela sua postura, por seus atos e por aquilo que ele faz no seu dia a dia. É importante procurar direcionar as ações, dar liberdade para as pessoas para que elas mesmas possam construir o seu caminho, mas também procurar mobilizar todos, para que possam se mobilizar juntos em torno de um objetivo, em torno de um ideal, em torno de um sonho. Acho que isso é o que diferencia os líderes no mundo de hoje.

Ao contrário de algumas empresas familiares, o Mater Dei tem expandido o seu alcance e já vislumbra uma terceira geração de diretores. Qual a forma para superar conflitos, que são comuns nesse tipo de gestão? 

Principalmente deixando a regra do jogo clara. No caso da Rede Mater Dei, nosso programa de sucessão foi estabelecido há décadas, quando não havia nenhum membro da terceira geração capaz de ocupar um cargo diretivo. Todos os três que até aqui hoje vieram, e a quarta geração que também  está se preparando, cumpriram aquilo que estava previsto. Trabalharam em um hospital maior ou igual ao nosso, trabalharam na Rede Mater Dei, fizeram MBA nas principais escolas de negócios do mundo e todos eles hoje são diretores da Rede Mater Dei graças ao seu mérito próprio e à história que vêm construindo na Rede Mater Dei. Isso faz com que as pessoas entendam que, acima de tudo, os objetivos da instituição devem superar os objetivos eventualmente individuais, e principalmente compartilhar o sonho e o interesse de fazer com que a Rede Mater Dei cada vez mais faça a diferença na vida das pessoas. 

Para onde aponta o futuro da Rede Mater Dei? 

Eu não sei exatamente como será o futuro da Rede Mater Dei, mas tenho a certeza de que cada vez mais o Mater Dei vai ser o instrumento para apoiar e cuidar da saúde das pessoas. Cada vez mais, a Rede Mater Dei pretende ampliar uma cultura de atendimento que tem dois pilares básicos: qualidade intrínseca do produto saúde, ou seja, quem entrou tem que sair melhor do que chegou. O outro pilar é acolher a pessoa entendendo que cada ser humano é único, que possui suas necessidades e precisa ser tratado com acolhimento. 

O que podemos esperar da nova unidade Mater Dei Salvador? 

Podem esperar um sistema de atendimento que vai apoiar as pessoas. Em primeiro lugar, para que elas próprias cuidem da sua saúde. Em segundo lugar, um conceito integrado de atendimento às pessoas e às famílias. E, por último, a Rede Mater Dei pretende ser relevante e referência em saúde em Salvador para aqueles que necessitam de atendimento nessa área