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Festival de Verão Salvador encerra edição histórica de 25 anos com shows memoráveis e a presença de mais de 80 mil pessoas

Segundo e último dia de evento foi regado a rock, samba, pagode, pop, axé, rap e MPB, nas vozes de grandes nomes da música brasileira, como Caetano Veloso, Daniela Mercury, Margareth Menezes, Lulu Santos, Seu Jorge e Mano Brown

Festival de Verão Salvador encerra edição histórica de 25 anos com shows memoráveis e a presença de mais de 80 mil pessoas
Ana Virgínia Vilalva

Ana Virgínia Vilalva

29/01/2024 3:05pm

O Festival de Verão Salvador encerrou com enorme sucesso a edição histórica que marcou o seu 25º aniversário, neste domingo, no Parque de Exposições. As mais de 80 mil pessoas que compareceram aos dois dias de evento puderam curtir aproximadamente 30 horas de música com a participação de mais de 40 atrações de gêneros variados, entre encontros inéditos e apresentações criadas especialmente para a ocasião.

“Foi tudo o que podíamos esperar de uma edição que celebrou os 25 anos desse festival que cresce a cada ano. Foi histórico e tenho certeza que vai permanecer na memória de quem veio por muito tempo”, comemora Rogério Bruxellas, presidente da Rede Bahia, o maior grupo de comunicação do Nordeste do país e detentora da Bahia Eventos, que realiza o Festival de Verão desde 1999.

A organização do festival realizou uma série de mudanças estruturais que se mostraram acertadas. Com o objetivo de trazer mais comodidade e segurança ao público, a organização expandiu o espaço da pista entre os palcos Cais e Ponte, que ficaram dispostos um de frente para o outro. Essa mudança estratégica preveniu aglomerações e permitiu que os frequentadores transitassem com tranquilidade no intervalo dos shows.

“O maior patrimônio do festival é o nosso público e a meta é torná-lo cada vez mais fiel. Tem gente que veio a absolutamente todas as edições nesses 25 anos de história. Então, para proporcionar mais conforto aos frequentadores, aumentamos em quase 15 mil metros quadrados a área de ocupação no parque e ampliamos consideravelmente a praça de alimentação”, resume Rogério Bruxellas. “Não medimos esforços para tornar o evento ainda mais convidativo e de modo que as pessoas pudessem aproveitar tudo que o festival oferece com conforto, segurança e muita música boa. Também expandimos as áreas de acessibilidade, com mais plataformas para cadeirantes e PNEs, e todos os shows dos palcos principais contaram com a tradução em libras.”

Como a meteorologia previa um verão excepcionalmente quente, a Bahia Eventos se empenhou em oferecer áreas climatizadas e pontos de hidratação, garantindo o bem-estar de quem compareceu ao evento. Além disso, a inclusão de uma delegacia da polícia civil e militar dentro da arena reforçou o compromisso com a segurança do público.

Além da rica programação nos seus quatro palcos, o FV 24 proporcionou – através do apoio das marcas parceiras – diversas opções de entretenimento so público, incluindo uma roda-gigante, um tobogã, um karaokê, experiências de realidade virtual, espaços para maquiagem e rooftops temáticos. A edição, aliás, teve número recorde de patrocinadores e ativações, com o envolvimento de mais de 20 empresas.

“Nesta edição tivemos um aumento bem significativo de marcas patrocinando e apoiando o festival, bem como um crescimento expressivo de experiências trazidas por elas. As marcas investiram muito em seus espaços e estandes, o que gerou muito engajamento do público. Foram ativações muito customizadas pelas empresas, que identificaram a melhor maneira de se comunicarem com o público do festival, o maior do verão brasileiro”, comemora Bruno Portela, head da Bahia Eventos.

Outra diferença sentida pelos organizadores desta edição para a última foi o tempo de permanência do público no evento, que chegou mais cedo e saiu mais tarde do Parque de Exposições.

“No domingo, por exemplo, com apenas uma hora de evento, mais de 40% do público já havia chegado ao festival. Não é um lineup que vai esquentando. Ele já nasce quente com a primeira atração já gerando muita aderência do público”, analisa Portela.

O Festival de Verão Salvador é uma realização da Bahia Eventos, empresa de entretenimento da Rede Bahia, correalizado pela Salvador Produções. Na edição deste ano, os patrocinadores do FV24 são: Elo, Devassa, Tim, Coca-Cola, Smirnoff, Shopping da Bahia, Nivea, Esportes da Sorte, Avatim, Elétrica Baiana, Chilli Beans, Havaianas, São Braz, Picolé Capelinha, GOL Linhas Aéreas, Iquine, ITS, UCI Oriente, Orient Cinemas.

Os shows de domingo - Depois dos shows e encontros arrebetadores do primeiro dia, o Festival de Verão não deixou a peteca cair. O domingo começou com a energia contagiante do grupo Àttooxxá, seguido pelo inédito e inusitado encontro de Gloria Groove com Péricles, que romperam as barreiras do pop e do pagode romântico, gêneros pelos quais os artistas são, respectivamente, mais conhecidos. Após cantar alguns dos grandes sucessos de sua trajetória, a Lady Leste chamou ao palco o cantor paulista para releituras de canções como "Até o Sol Quis Ver" (Exaltasamba), "Overjoyed" (Stevie Wonder), "Anjo" (Roupa Nova), "Hackearam-me" (Tierry e Marília Mendonça) e "Melhor Eu Ir" (Péricles).

Quando Zé Ricardo propôs a Thiaguinho um dueto com Maria Rita, o cantor respondeu prontamente: "com ela eu faço o que você quiser". O carinho e a amizade entre os dois logo ficou evidente quando cantaram juntos "Fascinação", standard que ficou famoso na voz de Nat King Cole, nos anos 50, e cuja versão em português foi interpretada por Elis Regina, mãe da artista, nos anos 70. O dueto incluiu ainda clássicos do samba como "Vou Festejar", de Jorge Aragão, e “Conselho”, de Almir Guineto, além de sucessos da carreira do ex-Exaltasamba e da cantora.

Na sequência, Lulu Santos abriu o seu baú de hits com “Toda Forma de Amor”, “Um Certo Alguém”, “O Último Romântico” e “Tudo Azul”, antes de chamar Gabriel o Pensador para dividir o microfone nas canções “Assaltaram a Gramática”, “Astronauta” e “Cachimbo da Paz I” e “Cachimbo da Paz II”.

Em seguida veio o aguardado encontro de três divindades da música baiana. Daniela Mercury levantou o público já na primeira canção, “Macunaíma”, enfileirando um sucesso atrás do outro da carreira até receber a companhia da parede percussiva do Ilê Aiyê, que completa 50 anos em 2024. O trio de peso ficou completo quando Margareth Menezes subiu ao palco para cantar as pérolas “Negrume da Noite”, “Fonte de Desejo”, “Raça Negra” e “Faraó”.

Em mais um diálogo entre o pop e o pagode – agora com a vertente baiana – o gigante Leo Santana inflamou o Festival de Verão com um sucesso atrás do outro e levou a multidão ao quando, do alto dos seus 2m de altura, convidou a amiga Luisa Sonza para cantar uma série de músicas, incluindo “Século 21”, parceria dos dois lançada em 2020.

O ápice da noite se deu no "Momento Histórico FV", apresentado pela TIM, que promete anunciar anualmente uma grande atração a poucos dias antes do início do evento, ao longo das próximas edições. A estrela da iniciativa em 2024 foi ninguém menos do que Caetano Veloso, que interrompeu as “férias radicais” para levar o aclamado show “Transa” pela primeira vez à Bahia. Foi a última apresentação do projeto especial que celebra o álbum homônimo de 1972 – um dos mais importantes de sua carreira, produzido durante o exílio em Londres – que havia sido apresentado em apenas outras cinco ocasiões.

Além das sete faixas do disco, o repertório trouxe outras músicas da discografia do cantor, como “Maria Bethânia”, “Irene”, “London London” e “Sem Samba Não Dá”, esta uma de suas composições mais recentes. Caetano subiu ao palco com participações de Jards Macalé, Tutty Moreno e Áureo de Souza – integrantes originais da banda responsável pelos arranjos e a sonoridade do álbum –, bem como pelos músicos da turnê de seu último lançamento, “Meu Coco”.

Penúltima atração do Festival de Verão 2024, Seu Jorge fez o público cantar com “Mina do Condomínio”, “Carolina”, “Burguesinha”, além de interpretar uma versão do clássico do R&B “Ain’t no Sunshine”, de Bill Withers. Com Mano Brown tocou quatro faixas da carreira do rapper: “Negro Drama”, “Dance Dance”, “Louis Lane” e “Jesus Chorou”.

Os trappers Teto e Matuê celebraram a amizade com a apresentação que encerrou a edição histórica do FV, com um repertório que incluiu “M4”, “Mustang Preto” e “Pay Pal”.

Além das apresentações nos dois palcos principais neste domingo, o Festival de Verão realizou cinco shows com nomes da cena musical baiana no Palco Rua Coke Studio (Miguelzinho do Cavaco, Tiri chama Marcia Castro, Sambaiana chama Nessa, Filhos de Jorge e O Kannalha), enquanto os DJs Pathy Dejesus e Dennis DJ colocaram o público para dançar nos intervalos das apresentações dos dois palcos principais.

Shows de sábado - A Quabales Banda, grupo derivado do projeto social comandado pelo perussionista Marivaldo dos Santos abriu os trabalhos no sábado com a participação da cantora Aila Menezes, seguido pelo rapper MC Cabelinho que chamou ao palco TZ da Coronel para uma batalha de “trap”. Depois foi a vez de Iza, que incendiou o público com canções como “Nas Maluca”, “Que Se Vá” e “Mega da Virada”. No trecho do show com a participação de Liniker, as cantoras apresentaram músicas de suas carreiras, além de uma versão de “Isn’t She Lovely”, um clássico de Stevie Wonder.

Batizada de “Paredão Patuskada”, a aguardada e inédita parceria de Carlinhos Brown com a Baiana System entregou um espetáculo vigoroso que misturou rock, samba-reggae, axé e ijexá. Sustentados por um paredão de percussão e um naipe de metais, a “big band” abriu o show com uma versão épica de “O Guarani”, de Carlos Gomes, antes de enfileirar sucessos como “Lucro”, “Sulamericano”, “Forasteiro”, “Maria Caipirinha” e “Magalenha”, levando o público a abrir as tradicionais rodas que marcam os shows do grupo soteropolitano.

No show “A Bahia é um Luxo”, criado especialmente para celebrar os 25º aniversário do Festival de Verão, Ivete Sangalo – a única artista a ter participados de todas as edições do evento – levantou a multidão. A cantora, que comemora também as três décadas de sua carreira, apresentou um repertótio recheado de hits como “Cria da Ivete”, “Rua da Saudade”, “Arerê” e “Se Saia”, além do sucesso “Macetando”, música que vem ganhando as paradas, alcançando a posição #21 no Top Songs Brazil do Spotify.

Não faltaram sucessos também no show de Bell Marques, que chamou Claudia Leitte para uma participação eletrizante. Juntos os dois cantaram “Claudinha Bagunceira”, “Amor Perfeito” e “Gritos de Guerreira”.

O norte-americano CeeLo Green, a primeira atração internacional do Festival de Verrão desde 2018, subiu ao palco com uma formação que trouxe um DJ, dois saxofonistas e o percussionista baiano Marivaldo dos Santos. Numa festa de funk, rap, soul e R&B, o show foi marcadopor intervenções de músicas nacionais e internacionais que saíram das pickups, como “Magalenha” (Carlinhos Brown), “Amigo” (Roberto Carlos), “Seven Nation Army” (The White Stripes) e “Don’t Stop ‘Til I Get Enough” (Michael Jackson), e os hits de sua carreira “Crazy” e “Fuck You”.

Baco Exu do Blues encerrou a primeira noite do Festival de Verão com hits como "Me Desculpa Jay Z", "Samba in Paris" e "Flamingos", antes de chamar ao palco Psirico para uma colaboração nas canções "Banho de Pipoca", "Música do Carnaval" e "Firme e Forte”.

Além das apresentações nos dois palcos principais neste sábado, o Festival de Verão realizou cinco shows com nomes da cena musical baiana no Palco Rua Coke Studio (Miguelzinho do Cavaco, Diggo chama Rafinha RSQ, Illy chama Dom Chicla, Pedro Pondé chama Letícia e A Dama), enquanto as DJs Lunna Monty e Carol Emmerick colocaram o público para dançar nos intervalos das apresentações do dos dois palcos principais.

Comprometimento com iniciativas sociais e ambientais - O Festival de Verão também deu continuidade às causas sociais e ambientais que reforçaram o compromisso do evento com a comunidade local e o meio ambiente. Idealizado pelo multi-instrumentista, compositor e produtor Marivaldo dos Santos, o projeto Quabales já atendeu mais de 6 mil crianças, jovens, adultos e pessoas da terceira idade em oficinas culturais ao longo de mais de dez anos de trajetória, no bairro Nordeste de Amaralina. Diante da sua relevância no cenário soteropolitano, o festival renovou por mais um ano a parceria com a iniciativa com um programa de investimentos de recursos na ONG.

Nas pautas ESG, o FV teve – pelo segundo ano consecutivo – iniciativas de gestão de resíduos através da estação de reciclagem ao vivo e a compostagem dos resíduos orgânicos. O festival previu também um plano de adaptação climática, com áreas de hidratação e de resfriamento, além de operações de mitigação e neutralização das emissões de gases de efeito estufa através de ações ambientais compensatórias, garantindo as certificações de evento neutro e resíduo zero.

Todo os resíduos sólidos e os óleos usados pelos restaurantes do festival também serão reciclados, assim como parte dos materiais utilizados na estrutura, casos das lonas e tecidos, que serão destinadas a ONGs para serem transformados em itens de uso diário, como roupas e bolsas, e posteriormente comercializadas.