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Foi bem no início da pandemia que a baiana Katiana Rigaud leu pela primeira vez o Diário de Anne Frank. “Não sabíamos o que ia acontecer e eu ficava pensando que ela não sobreviveu, tinha muitos sonhos e gostava da vida, como eu. Sentia que ia viver por ela depois que tudo melhorasse. Ela queria ser jornalista e escritora, entre outras coisas”, comenta. Formada em Administração, Katiana tinha o sonho adormecido de escrever livros. De reescrever a sua história. Katiana - e suas três obras literárias solo - estreia na Flipelô no dia 10 de agosto.
Anos atrás, sentou e escreveu - em um mês - o seu primeiro livro, que ficou guardado durante sete anos. “Só sabia que um dia publicaria, mas segui a vida normalmente, sem ninguém saber”, relembra. Quando ia comemorar 40 anos e teve a celebração suspensa pela pandemia, teve a intuição de que era a hora certa. Prefiro gente (Amelie Editorial) nasceu no ano de 2020. Por indicação da editora, o perfil “meu jeito de escrever”, surgiu no Instagram, logo em seguida. “Foi com essa experiência que entendi que sou escritora e que tenho um jeito de escrever espontâneo, poético”, resume. Dos textos compartilhados na rede social, brotou Diário de Roberta, lançado ano passado durante a Bienal do Livro da Bahia. “Tenho outros livros estruturados e iniciados, mas o Diário de Roberta passou na frente pelo contexto”.
É difícil enquadrar seus textos em um único estilo, mas a Prosa Poética a define bem. As duas obras com texto sensível e reflexões diversas destinadas ao público adulto acabaram caindo nas graças dos leitores adolescentes. Muitos professores levam seus livros para a sala de aula. “Recentemente, uma garota aparentando 15 anos viu meu livro e disse que conheceu através de sua professora. Nos abraçamos! Eu achava que a maior alegria do escritor era ser lido, mas esse contato, certamente, superou! Acrescento o dia que meu livro chegou em uma biblioteca pública, muita emoção”, descreve. “Sempre que algum professor me fala que levou meu livro para a sala de aula meu coração transborda”.
Sua prosa poética é sobre pessoas, encontros, emoções e as percepções que vamos tendo da vida. Afinal, nada é estático, à toa. Tudo ganha sentido e compreensões. A conversa filosófica da autora nasce de viagens internas e lugares especiais que visita. A capa do Diário de Roberta tem como elemento especial o baobá, ilustrado por uma artista pernambucana em aquarela artesanal. “É uma referência à foto que tirei em Recife no mesmo ano da publicação do livro. Gosto de sentir as conexões”.
E de criar conexões também. Na peleja de autora independente, Katiana Rigaud carrega consigo livros de outros escritores para divulgar junto com sua obra em cada feira ou evento literário que participa. É uma espécie de sororidade literária. “É transformador e multiplicador. Cria espaço, oportunidade, coletividade. Incentiva a leitura, a escrita e a produção de outros escritores incríveis que precisam ser mais conhecidos”. A cultura só ganha. Katiana Rigaud segue com seu amor pelos livros e sua máxima. “A cultura é viva. Assim vivo!”, conclui.
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